O presidente do Chile, Gabriel Boric, estendeu nesta segunda-feira (30) por 15 dias a militarização na região de Araucanía, no sul do país, onde a violência persiste em meio a uma histórica reivindicação de terras da etnia mapuche.
A patrulha militar nas rotas de Araucanía, em apoio à atuação da polícia, foi implementado por Boric inicialmente em 16 de maio, em busca de melhorar a segurança na área onde grupos ligados às reivindicações de terras dos mapuches promoveram ataques incendiários contra empresas florestais e caminhões.
"O presidente da República está disposto a prorrogar o estado de exceção constitucional nos mesmos termos em que foi emitido na primeira oportunidade", anunciou Izkia Siches, ministra do Interior.
Apesar da presença militar, os atentados não cessaram em Araucanía, mas o governo reconhece que diminuíram. No entanto, na semana passada, um trabalhador florestal morreu e ao menos outros dois ficaram feridos após um ataque a tiros nas proximidades de Lumaco.
Os ataques de grupos armados se tornaram frequentes nas regiões de Araucanía e Biobío, onde os mapuches, a maior etnia do Chile, reivindicam historicamente terras ao Estado que consideram próprias por direito ancestral e que estão nas mãos de proprietários privados, em especial firmas florestais e empresários agrícolas.
Segundo a ministra Siches, a prorrogação inclui medidas financeiras para o destacamento militar, algo que declarou "complementar" aos outros planos que o governo de Boric estabeleceu, que visam "levar paz e tranquilidade a esses territórios".
Desde o início, Boric afirma que a presença do exército em Araucanía será limitada, apesar da pressão de empresários locais e da oposição de direita para que as atribuições dos militares sejam ampliadas, como ocorreu no governo anterior, do conservador Sebastián Piñera (2018-2022).
Piñera enviou os militares em 12 de outubro do ano passado, mas Boric suspendeu a medida em março, duas semanas após assumir a presidência, conforme havia prometido durante sua campanha.
* AFP