O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, pediu, nesta quarta-feira (20), ao presidente de El Salvador, Nayib Bukele, que respeite os direitos humanos na luta que realiza em seu país contra o crime organizado.
"Podemos abordar o tema dos crimes de violência, mas também devemos proteger os direitos humanos e a liberdade de imprensa. Estes não são conceitos contraditórios", disse Blinken, em visita à Cidade do Panamá para uma reunião regional sobre migração.
Como parte de sua "guerra contra as gangues" em El Salvador, o presidente Nayib Bukele, com ajuda do Congresso aliado, instaurou um regime de exceção que permite a prisão de pessoas sem ordem judicial. Esta medida foi tomada para frear a violência do crime organizado, que seria responsável por 87 homicídios apenas entre 25 e 27 de março.
Além disso, foram reformadas as leis para punir com até 45 anos de prisão aqueles que fazem parte desses grupos criminosos. Segundo Bukele, que goza de altos níveis de popularidade, foram detidos mais de 14 mil integrantes dessas gangues em um espaço de 25 dias.
No entanto, algumas organizações criticam a política de segurança do presidente salvadorenho por supostamente violar os direitos humanos. O estado de exceção "deve estar de acordo com os direitos humanos", assinalou Blinken.
"Empregamos recursos para abordar o tema das gangues. Seguimos trabalhando de maneira estreita também com alguns pedidos de extradição de alguns líderes desses grupos", acrescentou o funcionário americano.
As detenções não têm precedentes nos últimos 30 anos no país centro-americano, assediado pelas gangues Mara Salvatrucha (MS-13) e Barrio 18, entre outras, que somam 70.000 integrantes em El Salvador, dos quais cerca de 30.000 estariam atrás das grades, após as últimas prisões.
Na terça-feira, o Parlamento salvadorenho aprovou uma lei para agilizar a construção de mais presídios, diante da onda de prisões de supostos integrantes do crime organizado.
Os Estados Unidos desejam que Bukele possa "avançar" em sua política contra o crime organizado, mas El Salvador "teve alguns retrocessos na separação de poderes, na governabilidade e no Estado de Direito", acrescentou Blinken.
O governo de Joe Biden tem sido crítico de Bukele, sobretudo depois que, com o apoio do Parlamento, o presidente salvadorenho destituiu magistrados do Tribunal Constitucional e o procurador-geral.
Bukele garante que o seu governo tem o direito de tomar essas medidas e considerou as críticas uma intromissão nos assuntos internos de seu país.
* AFP