O ex-presidente de centro-esquerda José María Figueres e o ex-ministro da Fazenda conservador Rodrigo Chaves disputarão em 3 de abril o segundo turno da eleição presidencial na Costa Rica, uma das democracias mais sólidas da América Latina, mas abalada por uma crise econômica.
Após a apuração de 87% dos votos, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou que Figueres, de 67 anos, do Partido Libertação Nacional (PLN), lidera com 27%.
O economista de direita Rodrigo Chaves, de 60, do Progresso Social Democrático, surpreendeu - ele não estava entre os favoritos nas pesquisas - e recebeu 16,7% dos votos.
Chaves foi ministro da Fazenda do atual governo por pouco mais de seis meses.
"Afirmei, durante a campanha, que a Costa Rica merecia ganhar, e hoje começou a ganhar. Vai continuar vencendo definitivamente com nosso triunfo", disse Figueres na sede de campanha em San José.
"Vamos agora para o segundo turno. Peço que deixe para trás o conflito e o confronto estéril (...) sr. José María (Figueres). Peço uma campanha de alto nível, com propostas e ideias", declarou Chaves.
O conservador e evangélico Fabricio Alvarado, de 47 anos, do Partido Nova República, ficou em terceiro lugar, com 15% dos votos.
O primeiro turno da eleição na Costa Rica teve 25 candidatos. Para chegar ao segundo, era necessário obter mais de 40% dos votos.
Figueres governou a Costa Costa Rica entre 1994 e 1998. É filho do emblemático ex-presidente José Figueres Ferrer, que aboliu o Exército em 1948.
A eleição também define os 57 deputados da Assembleia Legislativa. Os primeiros cálculos apontam um Parlamento altamente fragmentado.
A votação foi marcada pelo desânimo da população, em meio aos problemas econômicos que afetam o país e a acusações de corrupção. Este contexto se traduziu em uma taxa de abstenção de 40%, a mais elevada da história do país.
Uma das democracias mais estáveis da América Latina e o primeiro país da região no ranking global de felicidade 2018-2020, a reputação da Costa Rica foi afetada por uma grave crise financeira e social. A missão de enfrentar este cenário estará nas mãos do próximo governante.
Os índices de desemprego (14,4% em 2021) e de pobreza (23% em 2021) e uma economia com dívida pública equivalente a 70% do Produto Interno Bruto (PIB) provocaram alertas dos organismos multilaterais.
A situação se agravou com a pandemia da covid-19. Desde o início de 2020, a crise sanitária provocada pelo coronavírus afetou duramente o turismo, um dos principais setores do país.
Além disso, nos últimos 13 anos, dois ex-presidentes enfrentaram julgamentos por corrupção (um foi condenado) e, em 2021, explodiram dois casos de irregularidades milionárias no setor de obras públicas, com ministros envolvidos.
O atual presidente Carlos Alvarado destacou, no entanto, a solidez democrática do país.
"Estamos entre as democracias mais fortes do mundo e hoje reafirmamos isso com nosso voto (...). Outros países não têm essa opção livre. Nós temos eleições ininterruptas desde 1953", frisou.
* AFP