Diversas mulheres indígenas panamenhas relataram ter sido esterilizadas sem seu consentimento em um hospital público, o que levou ao início de investigações oficiais, informou nesta quarta-feira (16) uma deputada envolvida no caso.
"As mulheres nos abordaram, como figuras de autoridade, e nos disseram que estão sendo esterilizadas sem seu consentimento", declarou à AFP a deputada Walkiria Chandler.
Segundo esta legisladora, a denúncia foi feita a uma delegação de deputados da qual fazia parte durante uma visita à comunidade indígena de Charco La Pava, uma área montanhosa de difícil acesso localizada na província de Bocas del Toro, no noroeste do Panamá.
A delegação, composta por membros da Comissão da Mulher, da Criança, da Juventude e da Família da Assembleia Nacional, foi ao local para investigar uma queixa sobre um possível surto de uma doença parasitária em crianças.
Na comunidade, habitada por indígenas Ngäbe-Buglé, várias mulheres denunciaram as esterilizações.
As indígenas afirmam que as que deram à luz no hospital onde acontecem às supostas esterilizações "perderam a capacidade reprodutiva".
No entanto, aquelas que deram à luz em suas comunidades, sob procedimentos ancestrais, "conseguiram continuar se reproduzindo", disse Chandler.
"Nos falaram que cerca de doze mulheres teriam observado que foram esterilizadas sem o seu consentimento", acrescentou a deputada.
Chandler acrescentou que para este caso a comissão legislativa da Assembleia panamenha decidiu abrir uma investigação que pode ser enregue ao Ministério Público.
Além disso, solicitou a colaboração do Ministério da Saúde para esclarecimento dos fatos.
"Não estamos desconsiderando os depoimentos das mulheres das populações originais, mas em função do devido processo nos parece correto ouvir ambas as partes para descobrir o que está acontecendo", epxlicou Chandler.
Em 2021, esta mesma comissão legislativa denunciou os abusos e violações em abrigos de mais de uma dezena de crianças pobres, o que levou à abertura de vários processos judiciais.
* AFP