A crise deflagrada no Congresso de Honduras com a nomeação de duas presidências em paralelo terminou nesta segunda-feira (7) com a assinatura de um acordo que reconhece como único líder do Parlamento um aliado da presidente de esquerda, Xiomara Castro.
No acordo, Jorge Cálix, líder dos 17 deputados dissidentes do partido governista Liberdade e Refundação (Libre, esquerda) e que conseguiu se eleger à frente do Parlamento com o apoio da oposição, desistiu de suas aspirações ao aceitar que o Legislativo seja presidido por Luis Redondo, apoiado pelos legisladores leais e aliados a Castro.
"Embora em um momento não compartilhemos da estratégia proposta (...), estamos dispostos a respeitar a decisão de apoiar o deputado Luis Redondo Guifarro para presidir a junta diretora do Congresso Nacional em cumprimento ao mandato da nossa presidente", diz o acordo.
"Este servidor decidiu dar um passo para o lado, não pensando na minha carreira política, simplesmente pensando no que é mais conveniente ao povo hondurenho neste momento", disse Cálix após assinar o acordo na Casa Presidencial.
Também assinaram o documento os deputados rebeldes e o ex-presidente Manuel Zelaya, marido de Castro e coordenador do Libre. Com isso, foram readmitidos nas fileiras da situação.
A crise dentro do Libre eclodiu em 20 de janeiro, quando Castro convocou os 50 deputados do seu partido para perdir-lhes que apoiassem Redondo como presidente do Legislativo, mas nem todos ficaram de acordo e houve um racha.
Castro venceu as eleições em aliança com o Partido Salvador de Honduras (PSH). Um dos compromissos assumidos era que o PSH nomearia o presidente do Congresso, neste caso Redondo.
"Se o partido que venceu as eleições, que tem 50 deputados, não está unido, respondendo à vontade popular com sua presidente constitucional da República, então o povo não nos acompanha", disse Zelaya, ex-presidente deposto em 2009, que considera a vitória de sua esposa uma reivindicação de suas propostas.
O opositor Partido Nacional (PN, direita), por sua vez, "comemorou" o diálogo, mas propôs que Redondo seja ratificado em uma nova votação.
O Congresso hondurenho é formado por 128 deputados: 50 do Libre, 10 do PSH, 44 do PN, 22 do Partido Liberal (PL, direita) e dois de duas forças minoritárias.
Por causa do conflito no Congresso, na cerimônia de posse no Estádio Nacional de Tegucigalpa, em 27 de janeiro, quem tomou o juramento da presidente foi uma juíza e não Redondo como presidente do Congresso, que só colocou nela a faixa presidencial.
* AFP