Os compromissos da Otan na Polônia e nos países bálticos, flanco oriental estratégico da Aliança Atlântica, constituem uma das principais discrepâncias entre a Rússia e o Ocidente.
Com os países ocidentais enfrentando a ameaça de uma invasão russa da Ucrânia, Moscou pede à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) que reconsidere sua implantação na região.
Os países afetados, uma vez sob o jugo soviético e compartilhando uma fronteira comum com a Rússia, estão pedindo o oposto: uma presença mais forte da Aliança.
Seguem alguns fatos e números sobre o desdobramento da "presença avançada reforçada" da Otan na Polônia e nos Estados Bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia).
- O maior reforço -
Em 2017, a Otan enviou quatro batalhões multinacionais de forma rotativa para a Polônia e os países bálticos para se proteger contra uma potencial ameaça russa.
É o maior reforço de defesas coletivas desde a Guerra Fria, um dispositivo que o presidente polonês, Andrzej Duda, qualificou de "momento histórico".
A Polônia é membro da Otan desde 1999. Os países bálticos - cuja população combinada é inferior a seis milhões - são desde 2004.
- Crimeia -
A Otan decidiu enviar unidades militares para seu extremo leste depois que Moscou anexou a península da Crimeia e apoiou separatistas pró-Rússia para tomar o controle de partes do leste da Ucrânia em 2014.
Os quatro países, dominados pela União Soviética por mais de quatro décadas, pressionaram pela implantação de unidades da Organização.
- O calcanhar de Aquiles -
A Polônia indicou que grupos de batalha eram necessários para ajudar a defender o "passo de Suwalki", um corredor terrestre na fronteira polaco-lituana, situado entre o enclave russo de Kaliningrado, altamente militarizado, e Belarus.
É o calcanhar de Aquiles do flanco leste da Otan e a sua conquista separaria os países bálticos do território controlado pela Aliança.
- Tropas -
Os quatro batalhões da Otan baseados na Estônia, Lituânia, Letônia e Polônia são liderados respectivamente pelo Reino Unido, Alemanha, Canadá e Estados Unidos, com contribuições de outros quinze países.
Cada agrupamento inclui cerca de 1.200 soldados, mas o número de soldados varia de país para país e muda dependendo do processo de implantação.
- Mais reforços -
Enfrentando a mais recente ameaça de Moscou na região, a Polônia e os países bálticos pediram mais apoio.
Em novembro, o presidente polonês pediu à Aliança Atlântica que enviasse reforços ao seu extremo leste. E o primeiro-ministro estoniano, Kaja Kallas, pediu no início de janeiro uma maior presença dos EUA nos países bálticos.
Nesse sentido, houve apelos para uma presença americana permanente.
Mas a Otan prometeu à Rússia, em 1997, não instalar bases permanentes no antigo bloco do leste.
- Exigências russas-
Deslocando mais de 100.000 soldados para a fronteira ucraniana, Moscou pediu no mês passado aos países ocidentais garantias de segurança de longo alcance.
Esses pedidos incluem a garantia de que a Ucrânia nunca poderá aderir à Otan, mas também dizem respeito a outros países, como a Polônia e os países bálticos.
A Rússia insiste acima de tudo no fato de que os outros membros da Aliança "não desdobram forças ou armas militares" na Polônia, Lituânia, Estônia e Letônia.
De acordo com Moscou, essas implantações podem ser autorizadas "em casos excepcionais para eliminar uma ameaça à segurança", mas somente após seu consentimento.
* AFP