Meta, casa matriz do Facebook, anunciou nesta segunda-feira (1º) que eliminou de suas redes mais de mil contas administradas pelo governo da Nicarágua para manipular o debate público e atacar a oposição, a uma semana das eleições presidenciais.
"Essa foi realmente uma operação cruzada do governo, a fazenda de trolls consistia em vários grupos administrados em múltiplas entidades governamentais diferentes de cada vez", disse à AFP o líder global de Inteligência para Operações de Influência da Meta, Ben Nimmo, durante videoconferência.
A fazenda funcionava desde abril de 2018 e suas redes foram eliminadas em outubro de 2021. Foram 937 contas do Facebook, 363 do Instagram, 140 páginas e 24 grupos.
Segundo a Meta, as contas eram operadas pelo governo da Nicarágua ou pelo ex-guerrilheiro Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN, esquerda), no poder desde 2007.
A denúncia foi divulgada a uma semana das eleições gerais na Nicarágua, onde o presidente Daniel Ortega buscará um quarto mandato consecutivo, enquanto aproximadamente 40 opositores estão detidos.
Segundo a informação fornecida pela Meta, a rede estava essencialmente a cargo de pessoas, principalmente funcionários do Instituto Nicaraguense de Telecomunicações e Correios (Telcor), trabalhando nos escritórios centrais do serviço de correios em Manágua.
No entanto, havia pontos da operação que foram administrados na Suprema Corte e no Instituto Nicaraguense de Segurança Social, disse Nimmo.
"Esses grupos estavam tecnicamente conectados à operação principal, portanto não eram esforços separados, eram ramificações da rede principal", destacou.
A fazenda de trolls criou ou inventou supostos meios de comunicação em sites como Blogspot e WordPress e os divulgou em contas do Twitter, YouTube, Telegram e TikTok, assim como Facebook e Instagram.
"O objetivo era inundar o debate online na Nicarágua com mensagens a favor do governo e contra a oposição", explicou Nimmo.
"Derrubamos essas redes em função do comportamento no qual os vemos participar em nossa plataforma, não nos baseamos em quem são os atores por trás dela ou o conteúdo que publicam, nos baseamos no comportamento e uso de contas falsas", explicou.
Segundo o padrão detectado, os trolls trabalhavam de segunda a sexta-feira, de 9 às 5 da tarde, com pausas para o almoço. A produção diminuía aos finais de semana.
A rede começou a operar em abril de 2018, quando começaram os protestos contra o governo, liderados por estudantes e cuja repressão deixou mais de 300 mortos e milhares de exilados.
De acordo com os especialistas, no final de 2019 ficou mais sofisticada e passou a criticar a oposição, multiplicou suas marcas e ampliou seu conteúdo a favor do governo.
* AFP