O líder da Frente Polisário, Brahim Ghali, pediu ao Conselho de Segurança da ONU neste sábado que detalhe a missão do novo enviado das Nações Unidas ao Saara, e que dê garantias para a realização de um referendo de autodeterminação.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, nomeou este mês o italiano Staffan de Mistura, 74, como novo enviado para o conflito no Saara Ocidental. Ele assumirá suas funções em 1º de novembro, após dois anos em que o cargo ficou vago .
"Nosso principal objetivo é acabar com a colonização, e não a nomeação de um novo emissário" das Nações Unidas, declarou Ghali durante entrevista coletiva em um campo de refugiados saharaui em Tindouf, oeste da Argélia. Ele também pediu ao Conselho de Segurança da ONU que "detalhe a missão de seu emissário" e "estabeleça um calendário para a realização de um referendo e dê garantias". As declarações foram transmitidas à AFP pela Frente Polisário.
"Em 30 anos de presença da ONU no Saara Ocidental, todos os emissários falharam e renunciaram", apontou Ghali em seu primeiro pronunciamento público após ser internado com Covid-19 em um hospital da Espanha, em abril, o que gerou uma crise diplomática e migratória entre Madri e Rabat.
A situação no Saara Ocidental, ex-colônia espanhola considerada um "território não autônomo" pela ONU, confronta há decadas o Marrocos com a Frente Polisário, apoiada pela Argélia. Rabat, que controla cerca de 80% desse extenso território desértico, propõe um plano de autonomia, mas continuando a fazer parte do Marrocos.
A Frente Polisário, por sua vez, pede a realização de um referendo de independência supervisionado pela ONU, que estava previsto na assinatura do acordo de cessar-fogo entre autoridades marroquinas e saharauis.
* AFP
