Três jornalistas sérvios receberam ameaças e foram alvo de uma campanha de desprestígio por parte da imprensa pró-governo por terem publicado matérias sobre o massacre de Srebrenica - relatou a ONG Repórteres Sem Fronteiras, nesta quarta-feira (23).
A Sérvia continua se negando a reconhecer como genocídio o massacre de cerca de 8.000 homens e meninos em Srebrenica, em julho de 1995, no final do conflito interétnico na Bósnia (1992-95). O mesmo foi classificado como genocídio pelo Tribunal Penal Internacional para a extinta Iugoslávia (TPII).
Há duas semanas, a Justiça internacional condenou em definitivo o ex-chefe militar servo-bósnio Ratko Mladic. A sentença foi de prisão perpétua por ter orquestrado o genocídio.
Poucos dias depois, Montenegro adotou uma resolução, condenando energicamente o genocídio de Srebrenica.
Os três jornalistas que escreveram sobre esses dois eventos - Marko Vidojkovic, Dejan Kozul e Zeljko Veljkovic - foram vítimas de intimidação nas redes sociais e de ameaças com mensagens como "Vou massacrar você e sua família".
A RSF condena as ameaças e pede à polícia sérvia que proteja os jornalistas. A ONG ressalta que as autoridades sérvias e os veículos pró-governo "contribuíram para criar um clima que levou a esses ataques".
De acordo com a RSF, Veljkovic foi desacreditado na mídia pró-governo, enquanto Kozul foi descrito como "provocador" pelo presidente sérvio, Aleksandar Vucic.
"Condenamos as ameaças feitas na Internet por políticos e meios de comunicação pró-governo", declarou Pavol Szalai, chefe da seção dos Bálcãs da RSF, à AFP.
Dejan Kozul, correspondente em Belgrado da televisão federal da Bósnia, informou à polícia o recebimento de "centenas de ameaças", mas nenhum autor foi identificado até agora.
"Isso me desestabiliza mais do que as próprias ameaças, porque você sabe que ninguém protege você e ninguém quer proteger", disse Kozul à AFP.
* AFP