As autoridades tailandesas vão queimar mais de US$ 1,6 bilhão em drogas e aumentar a pressão sobre as redes de lavagem de dinheiro no país, mas a guerra contra os poderosos traficantes de drogas da Ásia está longe de ser vencida.
No centro do tráfico procedente do chamado "Triângulo Dourado" (rota entre Tailândia, Laos e Mianmar), o país anunciou nesta sexta-feira que destruiria mais de 25 toneladas de drogas até meados de julho, 24 das quais de metanfetamina, uma mercadoria avaliada em 1,6 bilhão de dólares.
Essas dezenas de milhões de pastilhas de "yaba" (comprimidos de metanfetamina) e centenas de quilos de cristais de metanfetamina, "ice", eram destinados ao mercado local, mas também para exportação.
O preço do "yaba" é o triplo na Malásia e o "ice" é revendido por várias centenas de dólares por grama nas ruas da Austrália.
A Tailândia, que durante muito tempo se contentou em atacar pequenos traficantes (numerosos nas prisões), tem causado um duro golpe nos circuitos de lavagem de dinheiro, com o desmantelamento de várias redes nos últimos tempos.
Em meados de junho, a polícia revelou que havia derrubado uma delas, suspeita de ter lavado pelo menos US$ 100 milhões através de 113 contas bancárias.
A gangue era controlada da prisão por Daoreung Somseang, uma tailandesa detida por tráfico de drogas, disseram fontes policiais à AFP.
O dinheiro da droga era reintroduzido principalmente nas lojas de ouro do reino, no setor de petróleo ou na construção, acrescentaram.
Este caso mostra "o alcance e a sofisticação" dessas organizações, diz Jeremy Douglas, do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).
A rede de Daoreung Somseang "nem sequer é uma super-união, [...] mas lida com um grande volume de dinheiro com facilidade", diz.
No final, "pelo menos 12 bilhões de baht [US$ 388 milhões, 346 milhões de euros] em ativos ligados a drogas" estão dormindo nos bancos do país hoje, afirmou o ministro da Justiça da Tailândia, Somsak Thepsuthin, esta semana.
O dinheiro é reinvestido em petróleo, construção e setor imobiliário, e uma parte desaparece entre as criptomoedas opacas.
Para entrar nesses circuitos, a Tailândia trabalhou com a Agência Antidrogas dos EUA (DEA), muito familiarizada com as práticas dos cartéis sul-americanos, e com seus vizinhos, especialmente Mianmar.
Mas, apesar dessas operações recentes, os cartéis de drogas na Ásia ainda têm um futuro brilhante pela frente.
Geram entre US$ 30 bilhões e US$ 60 bilhões por ano, de acordo com dados do UNODC, graças apenas à metanfetamina, e estão cada vez mais se voltando para outro mercado muito lucrativo: os opioides sintéticos.
Em maio, as autoridades birmanesas apreenderam quantidades recordes em laboratórios clandestinos: 3.750 litros de metilfentanil, um opioide 50 vezes mais potente que a heroína e 100 vezes mais que a morfina.
Um sinal preocupante, pois esse produto e outros opioides matam dezenas de milhares de pessoas por ano (32.000 nos Estados Unidos em 2018).
* AFP