O presidente do Congresso de El Salvador, Mario Ponce, descreveu nesta segunda-feira (10) como uma tentativa de golpe de Estado a ida à sede do Legislativo do presidente do país, Nayib Bukele, acompanhado de soldados armados, para exigir a aprovação de um empréstimo para o governo.
"Nós nos reunimos (os líderes das bancadas legislativas) para agir em relação à tentativa de golpe de Estado contra o órgão legislativo", disse Ponce à imprensa.
No domingo, soldados do Exército e policiais entraram na sede do Congresso usando coletes à prova de balas e carregando fuzis. Em seguida, cercaram o plenário, onde atuam os 84 deputados.
Fora da sede do poder legislativo também havia uma forte presença militar.
O presidente Nayib Bukele entrou no local, protegido por uma grande comitiva de segurança de sua equipe presidencial, e permaneceu ali por alguns minutos para discursar e depois se retirou do local.
"Como presidente do Órgão Legislativo, e em nome dos 84 deputados, estamos protestando vigorosamente contra esta atitude (...), não é possível que 28 anos após os acordos de paz tenhamos nossas Forças Armadas invadindo o órgão legislativo", destacou Ponce.
A situação foi gerada pela recusa dos legisladores em aprovar um empréstimo de 109 milhões de dólares que o executivo exige para a compra de equipamentos para o Exército e Polícia, que seriam usados em um plano para combater gangues violentas.
O gesto do presidente foi criticado também pelo Supremo Tribunal de Justiça do país, que lembrou que o presidente não pode usar as Forças Armadas além do estabelecido na Constituição.
Além disso, o mais alto tribunal salvadorenho deixou sem efeito "a convocação da sessão extraordinária da Assembleia Legislativa", que ocorreu no domingo, feita pelo conselho de ministros.
* AFP