O procurador-geral de El Salvador, Raul Melara, disse nesta quinta-feira (13) que a instituição investiga se houve pessoas que cometeram um crime com a entrada de soldados no Congresso no domingo passado junto do presidente Nayib Bukele.
Em uma ação sem precedentes na história política do país, soldados do Exército fortemente armados com fuzis de assalto e policiais de choque entraram na chamada Sala Azul da Assembleia Legislativa, antes da chegada do presidente.
"Hoje ainda é muito arriscado falar sobre a prática de um crime específico. Sim, podemos falar muito sobre abusos, excessos e, bem, o Ministério Público deduzirá o que houve", disse Melara em uma entrevista coletiva improvisada, após uma reunião com deputados no Congresso.
Nessa reunião, o procurador-geral explicou aos legisladores da investigação diante de uma denúncia do próprio Congresso e explicou que, por enquanto, o Ministério Público está coletando e avaliando informações.
Após a reunião com Melara, o presidente da Assembleia Legislativa, Mario Ponce, garantiu aos jornalistas que a Promotoria solicitou ao corpo legislativo "vídeos" contendo imagens do que aconteceu em 9 de fevereiro.
Ponce acrescentou que o procurador-geral também informou que, nos próximos dias, alguns deputados "que foram testemunhas" serão chamados para depor.
A profunda crise política foi causada pela recusa dos legisladores em aprovar um empréstimo de 109 milhões de dólares que o Executivo exige para a compra de equipamentos do Exército e da polícia, e isso é essencial para manter em movimento um plano contra as gangues violentos.
Ao ver o chamado que fez uma sessão extraordinária no Congresso, no domingo, frustrado, Bukele deu um período de uma semana à Assembleia Legislativa, majoritariamente de oposição, para aprovar o empréstimo.
O Supremo Tribunal de Justiça ordenou na segunda-feira que Bukele se abstenha de "usar as Forças Armadas em atividades contrárias aos propósitos estabelecidos constitucionalmente" e de colocar em risco a democracia e a separação de poderes no país.
Além disso, o mais alto tribunal cancelou a convocação de uma sessão extraordinária da Assembleia Legislativa realizada pelo Conselho de Ministros.
* AFP