Uma enorme multidão de fiéis descalços participou nesta quinta-feira em Manila da famosa procissão do Cristo Negro, considerada uma das maiores manifestações de fervor católico do mundo.
Ao nascer do sol, centenas de milhares de fiéis se reuniram ao longo da procissão do Cristo Negro, um ícone religioso ao qual os cristãos filipinos atribuem a capacidade de realizar milagres.
Em meio ao fervor religioso, os devotos se amontoaram para tocar a estátua, passar um pano ou simplesmente colocar as mãos nas cordas que seguram o Cristo de pele escura em uma plataforma metálica.
"Acreditamos que, se alguém puxa a corda, o Senhor curará todas as doenças", disse à AFP o vendedor Boyet Lara, de 50 anos. "Nada é impossível se acreditarmos", acrescentou.
Como em cada procissão do Cristo Negro, dezenas de fiéis sofreram desmaios em meio a multidão, e muitos sofreram cortes ou golpes nos pés no tumulto ao redor da estátua.
Nos anos anteriores, vários fiéis morreram pela mesma causa durante as procissões.
"Em 2016, a corda com a qual a estátua se move se enrolou na minha cabeça e eu quase me afoguei. Mas consegui sobreviver", disse Crisostomo Belarmino, de 52 anos.
"Chorei naquele momento e disse: 'Obrigado, Nazareno, por me dar outra vida'", acrescentou.
Apenas algumas horas após a procissão, a Cruz Vermelha informou que prestou primeiros socorros a cerca de 300 pessoas na procissão, situação semelhante à dos anos anteriores.
A estátua recebeu o nome de sua aparência carbonizada e é acompanhada de muitas histórias difíceis de provar, incluindo o fato de ter sobrevivido a um incêndio enquanto era transferida para as Filipinas no século XVII.
Os críticos chamam a procissão de uma mistura de superstições que representam riscos desnecessários para as multidões que se aglomeram ao redor da estátua todos os anos.
No entanto, os defensores da Igreja Católica nas Filipinas apontam que é uma expressão vibrante da fé.
Muitos devotos juram que o Nazareno Negro lhes trouxe ajuda quando mais precisavam. "Quando meu marido sofreu um derrame há dois anos, embora eu não tenha pedido ajuda financeira, consegui", disse a vendedora Angeline Mara, 43 anos.
"Toda vez que ouço a música do Cristo Negro, sinto que vou chorar", relatou.
Embora as autoridades não tenham informado nenhuma ameaça específica à procissão este ano, a polícia foi mobilizada nas ruas de Manila.
* AFP