Benny Gantz, o grande rival de Benjamin Netanyahu nas eleições legislativas israelenses, afirmou nesta quinta-feira (19) que deseja ser o primeiro-ministro de um futuro governo de unidade nacional destinado a tirar o país de um impasse político.
"Os israelenses querem um governo de unidade (...). Vou formar esse governo comigo à frente", disse o líder do partido "Azul e Branco" antes de uma reunião com executivos de sua legenda.
"Vamos ouvir todos, mas não aceitaremos que nos ditem as coisas", acrescentou ele.
"O partido Azul e Branco venceu e, no momento em que estou conversando com vocês, temos 33 cadeiras, enquanto Netanyahu não conseguiu a maioria para formar uma coalizão como esperava", completou o ex-chefe de gabinete do Exército israelense.
Mais cedo, o atual primeiro-ministro de Israel pediu a Gantz a formação de um governo de união, dois dias depois das eleições legislativas que terminaram empatadas.
"Durante a campanha, defendi a formação de um governo de direita. Infelizmente, os resultados das eleições mostram que não será possível. Por este motivo, a única opção é formar um governo de união, tão amplo quanto possível", afirmou Netanyahu em um vídeo.
Os resultados provisórios das eleições mostram que o Likud, partido de Netanyahu, conquistou 32 cadeiras das 120 na Knesset, o Parlamento israelense. O partido de Gantz conseguiu 33.
Nenhuma das duas siglas terá condições de reunir as 61 cadeiras necessárias para governar, mesmo com o apoio dos aliados.
"Benny, temos que colocar em prática um governo de união. O povo espera que assumamos nossas responsabilidades e cooperemos", completou Netanyahu, em uma mensagem que provocou surpresa no país.
"Por isso que peço a você, Benny. Vamos nos reunir ainda hoje, a qualquer hora, impulsionar este processo que é urgente. Não temos o direito de caminhar para a terceira eleição. Sou contra. A agenda agora é um governo de união", insistiu.
As eleições de terça-feira foram convocadas, porque, depois das legislativas de abril, Netanyahu não conseguiu formar uma coalizão para governar, e o Parlamento foi dissolvido.
A mudança no discurso de Netanyahu é notável.
Na quarta-feira (18), o primeiro-ministro afirmou que o país tinha duas opções: um governo de direita comandado por ele, ou por um "governo perigoso que se apoie nos partidos árabes", um ataque indireto a Gantz. Este último se declarou disposto a negociar com as formações árabes, terceiro grupo mais votado, com a esperança de estabelecer uma coalizão.
Nesta quinta, Netanyahu e Gantz apertaram as mãos durante uma cerimônia em Jerusalém, marcando o terceiro aniversário da morte do ex-primeiro-ministro e Prêmio Nobel da Paz Shimon Peres.
O presidente Reuven Rivlin parabenizou Netanyahu por "se juntar ao apelo" por um "governo de unidade".
Em Israel, o presidente confia a tarefa de formar o governo a um representante eleito, depois de consultar todos os partidos no Parlamento. As consultas para o próximo governo começarão no domingo, segundo o gabinete de Rivlin.
A reaproximação de Netanyahu-Gantz já levanta uma questão-chave: quem dos dois homens fortes será o primeiro-ministro?
Diante do firme posicionamento de Gantz, Netanyahu disse estar "surpreso" e "desapontado" por seu adversário "se recusar" a atender seu pedido para um encontro. "O convite ainda vale", assegurou.
Em eventuais discussões com Benny Gantz, Netanyahu dispõe de uma carta na manga: a unidade de suas tropas.
Netanyahu não discute apenas em nome de seu partido, o Likud, mas também em nome de todo "bloco" de direita, incluindo a lista radical Yamina e as siglas ultraortodoxas Shass e Judaísmo Unificado da Torah.
Seu baralho também tem um ponto fraco: a Justiça deve ouvi-lo no início de outubro na investigação por "corrupção", "quebra de confiança" e "malversação".
No momento, Benjamin Netanyahu não foi indiciado, mas busca a imunidade do Parlamento.
* AFP