Um soldado israelense olha com cuidado para a passagem estreita e úmida esculpida na rocha. Ele não está em um dos túneis de ataque construídos pelo Hezbollah sob a fronteira do Líbano com Israel, mas faz parte de uma nova geração de soldados que usam a realidade virtual e a realidade aumentada para treinar.
Em uma pequena sala repleta de computadores, T., de 20 anos, um membro da Yahalom, ou Diamond - a unidade de operações especiais do corpo de engenharia de combate do exército - simula um avanço ao longo da passagem estreita.
Sua cabeça balança de um lado para o outro e para cima e para baixo, enquanto suas mãos sondam paredes invisíveis para o espectador.
"Vemos tudo, até gotas d'água caindo", diz o soldado, que não pode ser identificado por razões de segurança.
"Eu realmente sinto que estou lá", disse à AFP. "Sinto a umidade, a sensação de ser sufocado".
O headset exibe todos os detalhes do túnel virtual - uma reconstrução de uma das várias infiltrações subterrâneas descobertas pelo exército - permitindo que os instrutores guiem T. em tempo real.
Em dezembro, o exército israelense lançou uma operação antitúnel na fronteira libanesa apelidada de "Escudo do Norte".
Israel disse que encontrou seis túneis, enquanto oficiais da ONU confirmaram que três chegavam ao território do estado judeu.
O Hezbollah planejava usá-los para sequestrar ou matar soldados ou civis israelenses e tomar território em caso de hostilidades, segundo os militares.
Eles tinham dezenas de metros de comprimento e aa realidade.
Como nem sempre é possível treinar em campo, o mundo virtual permite que os militares se familiarizem com um ambiente subterrâneo hostil sem sair de sua base, afirmou H.
Há uma dúzia de soldados no curso atual; 100 já passaram por ele desde que começou, há três anos.
Enquanto a realidade virtual (VR) busque colocar a pessoa em um mundo simulado, a realidade aumentada (AR) permite que elementos sejam adicionados em um ambiente do mundo real. Ambas visam proporcionar uma experiência multissensorial.
Os soldados podem experimentar cenários em que existem obstáculos como buracos, cabos ou dispositivos explosivos e simular os movimentos das mãos de que necessitam para desarmar uma bomba real.
"Existem elementos que podemos enfrentar em um túnel que são difíceis de reproduzir", como a umidade, diz o comandante, mas a técnica serve como uma boa introdução ao assunto.
"Não é muito agradável estar a dezenas de metros de profundidade, isolado do mundo", diz T. "Tudo o que pode ajudá-lo a se preparar é importante".
Ele diz que o treinamento eletrônico o deixou "mais pronto para entrar em um túnel" na vida real.
Não muito longe da "sala de realidade virtual" existe um modelo físico de um túnel do Hamas, onde os soldados podem realizar exercícios de combate, aperfeiçoando o que aprenderam através da realidade virtual.
Três soldados entram, com os rostos coberto por balaclavas e metralhadoras nas mãos enquanto se movem pela passagem na rocha, estreita e escura.
* AFP