Milhares de tailandeses enfrentaram um calor abrasador neste domingo para assistir ao desfile em homenagem ao rei Maha Vajiralongkorn, coroado no sábado, apesar das profundas divisões entre os conservadores ultramonarquistas e a oposição reformista.
Neste fim de semana de cerimônias, declarados feriados na Tailândia, os conservadores ultramonarquistas e os reformadores da oposição declararam uma trégua.
Mais de mil soldados em uniformes de gala desfilaram ao redor do rei de 66 anos transportado em um palanquim dourado carregado de um templo para outro.
As forças armadas destinaram mais de 29 milhões de dólares para esta cerimônia e mobilizaram dezenas de milhares de oficiais ao longo da procissão de mais de seis quilômetros.
As autoridades esperaram mais de 200 mil pessoas, vestidas de amarelo (cor da monarquia).
Para os habitantes do reino esta uma das poucas ocasiões em que podem se aproximar do rei, que vive a maior parte do tempo no exterior e só é visto em cerimônias oficiais de acesso limitado, mesmo para a imprensa.
"É minha primeira e última chance de ver uma coroação", disse entusiasmada Nattriya Siripattana, uma comerciante de 57 anos de idade.
Este evento é inédito no reino desde a coroação de Bhumibol Adulyadej em 1950, pai do atual rei.
- Rama X -
Vajiralongkorn foi oficialmente coroado no sábado sob o nome de Rama X, da dinastia Chakri, que reina na Tailândia desde 1782, em uma cerimônia de cores hindus e budistas.
O Rei Rama X colocou a "Grande Coroa da Vitória", de ouro e diamantes e mais de 7 quilos de peso, tornando-se formalmente o monarca do país asiático 3 anos após a morte de seu pai.
Ao pronunciar seu primeiro e breve discurso real, comprometeu-se a reinar com justiça em benefício do povo tailandês.
Sua quarta esposa, Suthida, com quem se casou em uma cerimônia surpresa dias antes da coroação, foi investida como rainha, ajoelhada com respeito em frente ao marido, sentado no trono.
A maioria dos tailandeses acompanhou pela primeira vez a grandiosa cerimônia de coroação do rei da Tailândia, que tentará encarnar a unidade de um reino dividido e ainda à espera do resultado das eleições legislativas de março.
Para religiosos locais, a coroação de Rama X representa também a transformação do monarca de ser humano em uma figura divina.
O novo monarca terá o desafio de unir uma Tailândia que registrou nada menos que 12 golpes de Estado desde 1932.
Na segunda-feira o novo rei aparecerá em uma das varandas do Grande Palácio de Bangcoc. Também receberá diplomatas estrangeiros em audiência.
A cerimônia ancestral de três dias é inédita no país em quase sete décadas. A última vez ocorreu em 1950, com a coroação do rei Bhumibol.
A morte do monarca em 2016 conduziu seu filho, Maha Vajiralongkorn, ao trono, mas a coroação em si demorou quase três anos, em um país onde o calendário real segue um ritmo próprio.
O falecido Bhumibol implementou um eficiente culto à personalidade, mas popularidade de seu filho é difícil de avaliar, já que a discussão pública de temas sobre a realeza continua um tabu no país.
Nos três anos desde a morte de seu pai, Maha Vajiralongkorn demonstrou grande habilidade tática e - assim como o pai - desempenha um papel influente além da condição de monarca constitucional.
Nas recentes eleições legislativas, o rei atuou diretamente em duas ocasiões.
Primeiro ele impediu o desejo de sua irmã de ser candidata ao cargo de primeira-ministra por um partido de oposição e depois enviou uma mensagem de apoio aos militares.
Os generais protagonizaram um golpe de Estado em 2014 alegando que atuavam em defesa da monarquia. A ideia foi defendida pelo partido de apoio à Junta Militar nas eleições de 24 de março.
Desesperada pela ausência de resultados definitivos, a oposição tailandesa formou uma coalizão anti-Junta.
A oposição reivindica a vitória nas legislativas, mas os generais, fortalecidos pelo apoio recebido do palácio real, não mostram sinais de que estão dispostos a ceder o poder.
* AFP