O torcedor que invadiu o gramado do Beira-Rio com a filha no colo e agrediu um jogador e um jornalista após o jogo entre Inter e Caxias, na noite de domingo (26), prestou depoimento na tarde de segunda-feira (27) para apresentar sua versão sobre o caso. Na manhã desta terça-feira (28), os delegados responsáveis concederam uma entrevista coletiva para explicar o andamento dos dois inquéritos abertos contra o homem.
O delegado Vinicius Naham, titular da 2ª delegacia de Polícia da Capital, relatou o que foi dito pelo agressor. Segundo ele, o pai alegou que invadiu o campo para "se proteger" e que desferiu chutes contra o jogador e o cinegrafista porque "se sentiu acuado".
— Ele confessou, se reconheceu nos vídeos e alegou que adentrou o campo para proteger ele e sua filha, porque a torcida desceu, ele estava próxima à mureta, e começou a pressioná-lo. Teria, então, entrado no campo pra se proteger — disse o delegado.
O policial complementou:
— Segundo ele, se sentiu acuado, com medo no meio da confusão e, para se defender, desferiu chutes contra o jogador e o jornalista. Essa versão, obviamente, é um versão do suspeito, que será analisada no relatório final do inquérito de lesão corporal e invasão de campo.
Além dos crimes de lesão corporal leve e invasão de campo, o torcedor também é investigado pelo crime de "submeter criança sob sua autoridade a vexame ou a constrangimento", com pena prevista de detenção de seis meses a dois anos em caso de condenação.
A delegada Elisa Souza, da Divisão Especial da Criança e do Adolescente (Deca), afirmou que a menina, de apenas três anos, passará por perícia psíquica para saber se houve algum trauma ou não na criança. De acordo com a delegada, o pai relatou que não percebeu que havia colocado a filha em risco.
— Ele relatou que não percebeu as consequências do ato de expor a saúde da filha a risco. Disse que não se sentia culpado, que não via nenhum ato irregular e que ele estava defendendo a filha. O inquérito será concluído nos próximos dias. Tudo indica que haverá indiciamento — ressaltou Elisa.
Estão previstos para esta terça-feira mais interrogatórios. Um homem que estava junto ao pai da menina, um familiar, será ouvido. Além dele, os seguranças que o detiveram no Beira-Rio também prestarão depoimento na condição de testemunhas para explicar como o suspeito deixou o estádio sem ser levado ao posto policial.
Ele relatou que não percebeu as consequências do ato de expor a saúde da filha a risco. Disse que não se sentia culpado, que não via nenhum ato irregular e que ele estava defendendo a filha
PAI QUE ENTROU EM CAMPO COM A FILHA NO COLO
social.
Conforme a polícia, o torcedor tem 33 anos, reside em Canoas, é casado, sócio do Inter desde março deste ano e não fazia mais parte da torcida organizada "Camisa 12", da qual foi membro até 2019. Ele não possui antecedentes criminais.
O torcedor também foi proibido de acessar o Beira-Rio por tempo indeterminado e, como é sócio do Inter, teve a suspensão da participação no quadro