As estatísticas dão um nó na nossa cabeça: em todo o planeta Terra, existem mais de 326 milhões de trilhões de galões de água. No entanto, menos de 3% dessa água é água doce. E mais de dois terços dessa água doce está indisponível, em geleiras, calotas polares ou muito abaixo da superfície da Terra. Moral da história? Apenas 0,5% da água da Terra está realmente disponível para bebermos.
Mas essa limitação pode estar prestes a ser superada: pesquisadores do MIT desenvolveram um dispositivo portátil que, com o toque de um botão, pode transformar água salgada em água potável. A pesquisa foi publicada recentemente na revista científica Environmental Science and Technology. Por enquanto, o protótipo cabe em uma mala de tamanho normal e pode processar 1 litro por hora; mas quando o produto estiver totalmente desenvolvido, ele será capaz de filtrar 10 vezes essa quantidade – tornando-se uma ferramenta vital em comunidades insulares remotas, em navios de carga e até em campos de refugiados localizados perto do mar.
Esse dispositivo de dessalinização não é o primeiro a ser capaz de filtrar água salgada, mas os outros produtos existentes são caros e exigem muita energia para operar. Eles também contam com filtros, que precisam ser trocados regularmente e podem custar muito.
Em comparação, o novo dispositivo precisa de menos energia para operar do que um carregador de celular e pode ser alimentado por um pequeno painel solar conectado ao seu exterior. Ele também funciona sem a necessidade de substituir o filtro, porque simplesmente não há nenhum. Em vez disso, o dispositivo usa dois tipos de campos elétricos para remover partículas como moléculas de sal, além de bactérias e vírus.
Sua verdadeira inovação é ter sido projetado para ser usado por pessoas comuns. Um tubo carrega a água salgada para dentro máquina; a água é filtrada dentro do dispositivo e, então, outro tubo extrai a água limpa para um recipiente separado. Do lado de fora, o dispositivo tem apenas três botões visíveis – o primeiro o alimenta, o segundo inicia o processo de limpeza e o terceiro o interrompe. Uma tela notifica o usuário quando a água já está potável.
Tudo isso significa que o dispositivo pode ser usado em áreas com recursos limitados, desde que a equipe desenvolvedora consiga reduzir seu custo. Por enquanto, seu preço seria cerca de US $ 4.000 a US $ 6.000, o que é próximo ao de outras unidades à venda por aí. Mas Junghyo Yoon, cientista do Laboratório de Pesquisa Eletrônica do MIT que desenvolveu o dispositivo e coautor do estudo, prevê que eles ainda podem reduzir seu custo para cerca de US$ 1.500, o que o tornaria mais acessível para ONGs.
Muito disso depende, ainda, do design final e da fabricação do dispositivo. Yoon diz que o protótipo atual fica dentro de uma mala comum que ele comprou online, mas ele espera um investimento de US$ 1 milhão que possa ajudá-lo a tirar o produto do laboratório e colocá-lo em uma fábrica, onde será possível experimentar diferentes processos de fabricação, como moldagem por injeção.
Um protótipo final pode ficar pronto até o final do próximo ano. Se tudo der certo, estaremos mais próximos de tornar potável boa parte dos 326 milhões de trilhões de galões de água presentes em nosso planeta.