Especulações e previsões sobre o metaverso têm sido feitas em todos os eventos e discussões sobre tecnologia, inovação e tendências no planeta – gerando polêmicas, demonizando uns, aplaudindo outros, propondo novos olhares e possibilidades para o universo das marcas. Algumas empresas mergulharam de cabeça; muitas querem entrar, mas ainda não sabem como. Futuristas fazem suas apostas. Alguns analistas recomendam cautela; outros prevêem o fim de quem não entrar logo nessa. A Fast Company Brasil conversou com Conrado Leister, country managing director da Meta, sobre como a empresa vê as oportunidades que se abrirão no metaverso.
Qual é a maior e mais atraente vantagem do metaverso que marcas e empresas podem aproveitar?
O metaverso oferecerá um novo nível de criatividade e inovação para negócios de todos os tamanhos e permitirá a geração de novas demandas. Um exemplo é a busca por produtos digitais para ambientes do metaverso, como já ocorre na indústria de games com a venda de skins para avatares. As marcas poderão criar experiências híbridas, mesclando real e virtual e abrindo possibilidades de negócios ainda desconhecidas.
Algumas já têm experimentado aplicações com novas tecnologias que, podemos dizer, são uma porta de entrada para essa realidade. Elas vão desde hologramas a filtros de realidade aumentada, permitindo que as pessoas experimentem maquiagem, modelos de óculos ou testem como um sofá vai ficar na sala de casa. Exemplos como esses estão ao nosso alcance por meio dos aplicativos e dispositivos móveis que usamos no dia a dia. Apesar de, por enquanto, nos proporcionarem experiências limitadas a 2D, já nos dão uma ideia de para onde estamos caminhando.
Quais são os planos para o Oculus Quest (dispositivo de realidade virtual) na América Latina?
Os produtos Oculus não estão disponíveis para venda no mercado latinoamericano, atualmente. Estamos explorando opções para ter os dispositivos na região.
Em 2021, a Meta investiu US$10 bilhões no Reality Labs, incluindo pesquisa e desenvolvimento de hardware de realidade virtual, software e conteúdo.
Quais modelos de negócios serão possíveis no metaverso e quais oferecerão as maiores oportunidades?
As possibilidades para marcas de todos os tamanhos no metaverso serão enormes. Será possível oferecer experiências imersivas com produtos físicos ou digitais, além de serviços. Por meio de publicidade, poderemos garantir que os consumidores certos encontrem esses itens. Além disso, assim como o surgimento da internet e a transição para o mobile criaram novas possibilidades que nem imaginávamos, sem dúvida, a partir do metaverso, surgirão possibilidades que sequer estão no nosso radar.
Quando teremos uma visão mais realista dessas possibilidades?
Nosso Reality Labs Research tem trabalhado no desenvolvimento de tecnologias e produtos que vão ajudar a tornar o metaverso realidade e a moldar as experiências na plataforma. Em novembro de 2021, apresentamos um protótipo de luva que permitirá tocar e sentir objetos virtuais. Em março, foi a vez de um projeto de pulseira que capta sinais elétricos do punho para permitir a interação com elementos virtuais. Apenas em 2021, investimos cerca de US$10 bilhões no Reality Labs, incluindo pesquisa e desenvolvimento de hardware de realidade virtual, assim como software e conteúdo.
O caminho para chegarmos a essa visão do metaverso apresentada pela Meta ainda está um pouco distante. Não será algo que acontecerá da noite para o dia e nem será trabalho só de uma empresa. Mas estamos comprometidos a, desde já, conversar com legisladores, especialistas, acadêmicos, sociedade civil e parceiros da indústria para ajudar a dar vida a essa visão.
Quais ações de marcas no metaverso você destacaria?
A Fiat fez um projeto bem interessante para o lançamento do Pulse, com um filtro de realidade aumentada que permite aos clientes “visualizar” o carro em sua garagem. [Link para assistir à animação]. A Avon, que patrocinou uma das provas da edição 2021 do Big Brother Brasil, criou um jogo em RA que levava a experiência do programa para os perfis das pessoas no Instagram e no Facebook. O desafio era percorrer o cenário do show e coletar itens de maquiagem da marca. No grupo impactado pela ação, a intenção de compra foi 183% superior à do grupo que só viu publicidade tradicional. Já a Consul uniu a experiência de um filtro de RA conectado a uma conversa no WhatsApp. No Instagram da marca, o consumidor seleciona o item de interesse: “Refrigeradores”, “Lava-roupas” ou “Fogões e Cooktop” e aponta para o local da casa em que gostaria de visualizar o produto.
Que conselho daria para empresas ou marcas que querem entrar no metaverso?
A principal dica para as empresas é que continuem focadas em desenvolver sua estratégia digital agora. Muitas das ferramentas que elas usam hoje para expandir seus negócios serão aplicadas no metaverso: ferramentas de comércio digital, mensageria, vídeo. As marcas devem analisar o que têm mapeado para inovar no curto e médio prazo e avaliar se já estão explorando as possibilidades disponíveis hoje.
Por algum tempo, a experiência do metaverso vai seguir no mundo 2D – por exemplo, com os filtros de realidade aumentada. Uma marca que permite experimentar a cor de um batom no rosto, ou que posicione um sofá na sala do consumidor antes da compra, já está se preparando para esse futuro híbrido.
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