Outro dia me deparei com esta notícia: secretária de Schindler, que ajudou a salvar milhares de judeus do Nazismo, Mimi Reinhardt morre aos 107 anos.
Nascida na Áustria como Carmen Weitmann, ela era judia e foi contratada pelo próprio Schindler, com quem trabalhou até o fim da guerra, em 1945, segundo o “Times of Israel”. Quando o conflito acabou, Mimi foi para Nova York. Desde 2007, morava em Tel Aviv.
Pelo que ela viveu, e mais o tanto que viveu, imagino que histórias Mimi teria para contar.
Histórias que não ficaram, necessariamente, gravadas em lugar algum.
Histórias como tantas outras que se perdem porque não paramos para ouvir.
Não pedimos para serem contadas.
Eu me lembro de algumas histórias que meu avô contava sobre seu tempo de escola.
E foram contadas há mais de 50 anos.
Na mesma semana – quem disse que sincronicidade não existe?, – lendo o livro de Brene Brown (“Caia. Levante. Tente Outra Vez”), esbarrei nesse trecho que fala da força das histórias nas nossas vidas:
“as narrativas mais longevas não são aquelas que trazem os melhores dados ou fatos, mas aquelas que miram nossos mais profundos desejos e demandas.”
“Mas a ideia de termos sido ‘programados para contar histórias’ é mais do que uma frase de efeito. O neuroeconomista Paul Zak descobriu que ouvir uma história – uma narrativa com começo, meio e fim – faz nosso cérebro liberar cortisol e oxitocina. Essas substâncias desencadeiam as habilidades singularmente humanas de estabelecer vínculos, sentir empatia e dar sentido às coisas. Contar histórias é algo que está, literalmente, no nosso DNA.”
E complementa, Seth Godin, no mesmo tema que nos conta, falando de marcas, produtos e serviços: “não a melhor ideia. Nem a resposta certa. Apenas aquele que contar a história que captura a atenção e leva todos a balançar positivamente a cabeça”.
Histórias. Todos estão falando de histórias, como se fosse o Santo Graal para tudo.
E talvez seja.
Nas palavras de Gordon Parker, no texto de Morgan Mausel, “as narrativas mais longevas não são aquelas que trazem os melhores dados ou fatos, mas aquelas que miram nossos mais profundos desejos e demandas.”
E a minha reflexão é o quanto conhecemos das histórias das pessoas à nossa volta.
Não só as mais experientes, mas aquele ou aquela que, com seus 18 anos, já tem tanto para contar, de como olha para o mundo, seus medos, desejos.
Todos temos histórias para contar.
E nessa contação recíproca de histórias, novas histórias sempre afloram.
Talvez aqui seja um bom início para a convivência geracional: contar e ouvir histórias de quem está com a gente nos desafios do dia a dia.
Então, que tal começar a conversa com: “me conta, como você chegou até aqui?” Ou: “o que você faz além desse trabalho que vamos fazer juntos?”
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