Para Jacki Maggard, uma mãe solo de 32 anos, é bastante complicado encontrar tempo para se dedicar à vida amorosa. “Tempo livre para mim é algo muito raro”, diz ela, devido às pressões de seu trabalho como despachante na Rice University e por ter um filho de nove anos. No entanto, quando finalmente consegue arranjar tempo para conversar com possíveis pretendentes em aplicativos de namoro, mencionar que é mãe costuma assustar. “Eles meio que desaparecem”, conta.
É comum para pais e mães solo passarem pela mesma situação vivida por Maggard em aplicativos de namoro, onde ter filhos costuma ser um problema para possíveis parceiros. Também é comum que tenham dificuldade em marcar encontros, devido ao malabarismo que precisam fazer para cumprir seus diversos compromissos, de acordo com o Match Group – empresa responsável por alguns dos aplicativos de namoro mais populares, como Tinder, Hinge, OkCupid e Match.com.
Em resposta a isso. e em virtude do aumento no número de pais solo em aplicativos durante a pandemia, a Match criou um novo serviço chamado Stir, que foi lançado no dia 21 de março, quando é celebrado o Dia dos Pais e Mães Solo nos Estados Unidos.
“Muitas vezes, eles se sentem excluídos e ignorados nos principais aplicativos de namoro”, diz Dinh Thi Bui, vice-presidente do Match. De acordo com dados da empresa, 54% dos pais e mães solteiros passam a ser ignorados depois do primeiro encontro e 20% após seu(sua) possível pretendente descobrir que são pais. Apenas 27% dos solteiros buscam pessoas com filhos, segundo a pesquisa.
Nos EUA, onde número de famílias monoparentais é o maior do mundo (estimado em 10,5 milhões), a demanda por serviços específicos para esse público está aumentando. O Match notou um crescimento no interesse durante a pandemia, período em que a quantidade de assinantes nos aplicativos para pais e mães solo aumentou dois dígitos.
Quando perguntados sobre o que fariam se tivessem duas horas a mais na semana, 45% dos entrevistados, em uma pesquisa realizada com 1.494 pais e mães solo, afirmaram que marcariam encontros. “Quando tiver tempo, quero aproveitá-lo para investir em um relacionamento”, diz Maggard (que nos foi apresentada através do Match).
Ela prefere namorar outros pais solo porque entendem como é estar em um relacionamento com alguém que tem diversas responsabilidades. O Stir oferece exatamente isso. Depois de ver um anúncio no TikTok, Maggard resolveu testá-lo. Agora, afirma que prefere o novo aplicativo a outros.
AJUSTANDO AS AGENDAS
Ao fazer login no aplicativo, aparece uma lista de pessoas próximas com interesses em comum aos seus. Mas, ao contrário do Tinder, os usuários não precisam “dar match” para conversar uns com os outros. Isso torna a experiência mais parecida com sites de relacionamento, como o OkCupid. O app tem um recurso exclusivo chamado Stir Time, no qual os usuários podem postar as datas e horários em que estão livres em um calendário virtual e sincronizá-los com possíveis pretendentes.
Durante a pandemia, a quantidade de assinantes nos aplicativos para pais e mães solo aumentou dois dígitos.
Embora o Match seja voltado basicamente para o público entre 25 e 45 anos, no Stir, o foco é mais em um “período da vida” do que em uma faixa etária. A empresa já desenvolvia aplicativos para segmentos muito específicos, com o BLK e o Chispa, direcionados ao público negro e latino, respectivamente. “Enxergamos no Stir uma oportunidade de atender uma comunidade muitas vezes ignorada ou deixada de lado”, diz Bui, ao adiantar que a empresa vai monitorar diferentes métricas – como o volume de conversas e conexões entre usuários – e coletar feedbacks para medir o sucesso do aplicativo.
Até o momento, grande parte dos usuários do Stir continua a usar outros aplicativos de namoro convencionais. “Uso todos eles”, diz Maggard. Mas o Stir é agora seu preferido. Logo após baixá-lo, ela conheceu um pai solo com quem manteve alguns encontros. “Foi uma experiência ótima, que me fez querer usá-lo mais”, conta. Atualmente, ela está conversando com outro pretendente, que espera conhecer em breve.
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