Não será da noite para o dia que a oferta de alimentos crescerá em escala para atender os quase 10 bilhões de pessoas no mundo, segundo previsão de diversas entidades internacionais. As safras dependem de inúmeros fatores variáveis: alguns controláveis, incluindo as inovações das indústrias de insumos, conhecimentos de práticas agrícolas, digitalização, mecanismos de financiamento e logística, por exemplo. E existem os menos controláveis, relacionados a questões ambientais e pragas.
Segundo a Basf, a digitalização tem o potencial de contribuir de maneira significativa para vencer esse desafio. A empresa está avançando no desenvolvimento de tecnologias digitais e de outras inovações em todo o seu portfólio. Essa combinação permite que os agricultores alcancem uma melhor produtividade nas áreas em que já existe atividade agrícola, enquanto apoia a preservação da biodiversidade.
Almir Araújo, diretor de agricultura digital da Basf
Almir Araújo, diretor de agricultura digital da Basf, entende que todo o processo de digitalização tem que demonstrar resultados na prática: as empresas têm que produzir mais, usando menos recursos. O processo de digitalização promovido pela multinacional busca aprimorar práticas sustentáveis de manejo, onde cada talhão seja mapeado e possa gerar rentabilidade diferenciada.
“Muitas vezes visitamos propriedades rurais onde achamos algumas áreas praticamente abandonadas pelos produtores, que acham que não vale a pena investir nelas por apresentarem algum problema. Nós mostramos que, com o uso de tecnologia para identificar as propriedades do solo de cada talhão, podemos recuperar áreas degradadas e torná-las produtivas”, explica.
A Basf mantém, desde 2019, a Xarvio, marca global de agricultura digital, para oferecer soluções com recomendações agronômicas por talhão, permitindo que os agricultores realizem seu cultivo de maneira mais eficiente. A empresa trabalha nos algoritmos da solução há mais de 25 anos, o que favorece muito nas interpretações das variadas necessidades no campo.
Araújo destaca que a empresa consegue realizar o trabalho do plantio à colheita. O uso de tecnologia permite definir as melhores sementes e o espaçamento necessário, o melhor manejo de fertilizantes usando taxas variáveis de necessidades, mapeando digitalmente as plantas daninhas para diversas culturas, monitorando pragas e insetos. E, por fim, definindo o melhor momento para a colheita.
O impacto sustentável é evidente. “Nas áreas mapeadas, a otimização de insumos foi em média de 62% e a economia de água, de 36 mil litros a cada mil hectares”, destaca. Após a primeira safra, a tendência é melhorar ainda mais os resultados com as análises dos dados captados. “A economia com a otimização chega de 65% a 90%, dependendo do talhão, principalmente com o controle das ervas daninhas. A escassez de insumos reforça a necessidade de revermos processos”, complementa.
INTEGRAÇÃO DO CAMPO COM ANÁLISE DE DADOS
A empresa tem uma joint venture com a Bosch que fornece dispositivos e sistemas que ficam acoplados nos equipamentos agrícolas. Esses dispositivos captam dados no campo e os enviam para centrais de processamento. Apesar de atender principalmente produtores de médio e grande porte, a solução com a Bosch permite democratizar o acesso a sistemas nos equipamentos, sem que os produtores tenham que investir em novas máquinas.
A solução para a digitalização está disponível gratuitamente, contemplando diversos serviços essenciais e básicos para os produtores serem inseridos no chamado agro 4.0. Existe também a versão Pro, com assinatura anual, e a Premium, com suporte de atendimento de time técnico em campo. A empresa também opera com drones, em parceria com a Sensefly, subsidiária da Basf.
O QUE VEM PELA FRENTE
Entre as grandes tendências apontadas pelo executivo da Basf está a sofisticação de toda a oferta ao agronegócio, saindo do foco no produto e passando para serviços e assets combinados, o que faz mais sentido para o agricultor.
Sistema inclui drones para monitoramento
As inovações incluem ainda a hortifruticultura por meio da Agrostart, plataforma de inovação aberta e aceleração de startups. Entre as tecnologias destacadas estão os drones para aplicação de insumos, novas opções de crédito e rastreabilidade para produzir e exportar melhor, além de marketplaces que aproximam produtores e consumidores.
“A tecnologia democratiza o acesso a informações e soluções e promove a disrupção de custos. Hoje temos muitos players na cadeia. Os benefícios econômicos obtidos pelos produtores estão sendo reinvestidos com visão de longo prazo, para otimização e melhora de produtividade, com sustentabilidade”, reforça Araújo.
Entre os principais desafios apontados pelo executivo da Basf estão a dinâmica das adversidades climáticas e a ainda carente infraestrutura 5G e 4G na cobertura de rede no campo. “Muitas vezes, um técnico tem que se deslocar 300 quilômetros para poder conseguir um sinal de rede e enviar dados e informações”, lamenta.
Outro ponto crítico é como os principais stakeholders atuarão no curto prazo para superar o gargalo de capacitação e acelerar o conhecimento de tecnologia junto a agricultores, técnicos e estudantes, que devem conhecer e se atualizar com as soluções.
Até 2030, mais de 30 grandes projetos de pesquisa e desenvolvimento irão complementar a oferta integrada de sementes, proteção de cultivos e serviços digitais da Basf. As inovações terão um potencial de vendas estimado em mais de € 7,5 bilhões. Somente a divisão de soluções para agricultura investe aproximadamente € 900 milhões em P&D anualmente, o que representa cerca de 11% das vendas do segmento.
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