Nos primeiros dias de 2022, o Nubank anunciou que sua seção de e-commerce dentro do aplicativo — criada em novembro passado — passaria a contar com a categoria de games. A vertical conecta os usuários da fintech — um pool de nada menos do que 48 milhões de pessoas — a diferentes lojas, oferecendo descontos exclusivos. No quesito games, a loja escolhida para a parceria comercial foi a Hype Games, e-commerce pertencente à Level Up, onde estão disponíveis jogos de PlayStation, Xbox, Diamantes do FreeFire e muitos outros títulos.
Nubank Shopping, onde o correntista pode comprar jogos e créditos com desconto
(Crédito: Reprodução / Nubank)
A Level Up foi criada em 2002 nas Filipinas, atuando inicialmente com publicação de jogos online. Em 2004, a empresa desembarcou no Brasil e lançou um dos seus títulos de maior sucesso: Ragnarok. Com o passar dos anos, a empresa expandiu sua atuação para os jogos mobile e para a produção de conteúdo gamer para o mercado brasileiro e hoje é considerada a maior distribuidora de jogos digitais no nosso país. Vale lembrar que a Level Up pertence ao bilionário grupo chinês de tecnologia Tencent, que adquiriu 49% da empresa em 2012.
Após o anúncio da parceria com o Nubank, o CEO da Level Up Brasil, Glaucio Marques, bateu um papo com a Fast Company Brasil sobre inovação no mercado brasileiro.
Como inovar no mercado de games?
“Quando se fala em inovação, vem muito na nossa cabeça a questão da tecnologia. Eu acho que inovação vai muito além da tecnologia e no mercado de games, ela ultrapassa os limites do desenvolvimento do jogo. A inovação pode e deve estar na experiência do consumidor como um todo: desde o contexto, a forma de interação, a linguagem e como ele fala com seu público, onde e como ele é vendido, até a forma com que esse jogo contribui para a sociedade. A inovação deve ser pensada no ecossistema inteiro do produto.”
Quais as habilidades mais importantes para alguém se destacar como empreendedor nesse ramo?
“Precisa falar a linguagem do seu público e investir muito em pessoas como em qualquer negócio e, por ser um mercado de rápida transformação, é necessário se reinventar a todo momento. Aprender a reaprender eu diria que é uma das principais habilidades.”
Qual seu conselho para uma marca que ainda não teve nenhum contato com este mercado, há espaço para todos?
“Sim, eu acho que há espaço. É fundamental criar relacionamento com o seu consumidor e construir uma experiência no todo dentro do ambiente gamer. Não adianta apenas patrocinar um torneio de um jogo do momento ou fazer ações pontuais. É necessário ir além, criar um vínculo com a audiência daquele game que a marca está investindo, caso contrário a mensagem não será genuína. Vejo algumas marcas hoje em dia entrando para o mundo gamer com ações pontuais, visando o curto prazo, querendo apenas aproveitar uma onda, sem criar um relacionamento, um vínculo com os jogadores daquele game. Nesse formato, as chances de sucesso são menores.”
Como combater a desigualdade, o machismo, no mundo gamer?
“O mundo gamer acaba sendo um reflexo da nossa sociedade. As ações para termos mais igualdade devem começar antes mesmo do game, dentro dos escritórios de desenvolvimento, das empresas do setor e com campanhas para todas as áreas da sociedade. A empresa que desenvolve e publica o jogo é também responsável por promover um ambiente de maior equidade e menos toxicidade possível dentro desse jogo. Dessa forma, acredito fortemente que a empresa deve investir muito em seu ambiente interno para que ele reflita as mesmas políticas dentro dos jogos em que essa empresa administra.”
O que está por vir no horizonte de negócios gamer?
“Temos um mercado bastante promissor pela frente. O 5G deve ajudar a aumentar ainda mais a penetração e o desenvolvimento do mercado de games a médio prazo. Vejo esse mercado crescendo não só na parte de entretenimento, mas também em outras áreas como educação e saúde, por exemplo. Já existem games em desenvolvimento que podem ajudar estudantes a se preparar melhor para o vestibular e games que ajudam pessoas a se reabilitarem de problemas neurológicos mais rapidamente. Ou seja, temos um mercado enorme pela frente, onde também existe uma grande oportunidade das marcas se aproximarem de seus públicos de uma forma dinâmica e que proporcione mais engajamento, mas para isso é fundamental conseguir criar uma conexão genuína com esse público.”
O post Um papo sobre inovação em games com Glaucio Marques, CEO da Level Up Brasil apareceu primeiro em Fast Company Brasil | O Futuro dos Negócios.